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Na conferência SXSW deste ano, a futurista Amy Webb, CEO do Future Today Institute e professora da NYU Stern School of Business, apresentou a 18ª edição do Tech Trends Report. Webb compartilhou uma análise baseada em dados sobre as tendências tecnológicas para 2025. Veja tudo sobre a seguir! 6r1r34
Sistemas de Agentes Múltiplos (MAS) q511c

Já no início da sua apresentação, Amy Webb destacou o imenso potencial dos Sistemas de Agentes Múltiplos (MAS) ao discutir como esses agentes de IA trabalham juntos para resolver problemas complexos. Diferente dos sistemas de IA tradicionais, que operam de forma isolada, os MAS consistem em múltiplos agentes de IA que colaboram entre si, trocando informações e atribuindo tarefas para alcançar um objetivo comum.
DARPA usando agentes múltiplos para desarmar bomba 1i1n5j

Um exemplo marcante apresentado por Webb foi o experimento conduzido pela DARPA, em que três agentes autônomos, chamados Alpha, Bravo e Charlie, foram designados para desarmar bombas em um ambiente virtual. Esses agentes se auto-organizaram e comunicaram entre si para decidir qual ferramenta usar e em que ordem, demonstrando uma impressionante capacidade de adaptação e otimização.
Esses agentes autônomos utilizavam os modelos de linguagem GPT-3.5 e GPT-4. Durante as interações, a comunicação direta entre os agentes, possibilitada pelo uso de texto como entrada e saída nos LLMs, permitiu um dinamismo impressionante na troca de informações e na execução de tarefas. Um exemplo foi a iniciativa de Alpha em assumir um papel de liderança espontânea, coordenando as ações dos demais agentes sem qualquer instrução prévia dos pesquisadores.
Experimento com Minecraft 60c4e
Webb mencionou o experimento realizado pela startup Altera, que soltou centenas de agentes autônomos de IA no jogo Minecraft para estudar a inteligência coletiva. Esses agentes formaram alianças, criaram uma rede de comércio e até redigiram uma constituição usando o Google Docs. No entanto, nem todos os agentes se comportaram de maneira exemplar; alguns espalharam desinformação e evangelizaram uma religião fictícia, mostrando que, embora a tecnologia seja poderosa, também apresenta desafios éticos e de controle.
Inteligência artificial e sensores avançados w3c52

A convergência entre IA e sensores avançados está redefinindo nossa interação com o mundo físico. Com a incorporação de algoritmos inteligentes e dispositivos de sensoriamento de alta precisão, estamos ando uma revolução em diversos setores, desde a saúde, onde diagnósticos podem ser feitos com maior precisão, até a agricultura, onde sensores monitoram e otimizam as condições de cultivo em tempo real, por exemplo. Essa integração permite uma resposta mais rápida e precisa às necessidades, melhorando a eficiência e a qualidade de vida de forma significativa.
Fitbit microscópico em cães 57u28
Esses sensores transmitem dados para sistemas de IA que, por sua vez, podem fazer recomendações precisas e personalizadas. Por exemplo, se Kevin começar a ganhar peso, o sistema Fitbit microscópico (um minúsculo dispositivo vestível, geralmente implantável, projetado para monitorar sinais vitais e outras métricas de saúde) injetado no cão pode coletar dados em tempo real sobre sua saúde e atividades físicas, e então decidir que ele precisa de mais exercícios e, consequentemente, ativar vídeos de cachorros no YouTube para estimular Kevin a se exercitar.
Webb também mencionou a nova linguagem “Droid Speak“, desenvolvida pela Microsoft, que permite que sistemas multi-agentes se comuniquem usando matemática ao invés de linguagem humana. Isso aumenta significativamente a eficiência da comunicação entre os agentes, permitindo que operem até 100 vezes mais rápido do que sistemas baseados em linguagem humana. Essa inovação elimina as limitações e imprecisões das línguas humanas, tornando os sistemas de IA mais eficazes e rápidos em suas operações.
Bioengenharia e metamateriais 262x4s

A bioengenharia está quebrando barreiras ao combinar biologia e tecnologia para criar soluções inovadoras. Webb destacou o avanço da biologia generativa, que permite prever a estrutura e interações de moléculas biológicas como proteínas, DNA e RNA. Com essa tecnologia, experimentos que antes eram impossíveis agora podem ser realizados rapidamente e com precisão.
Arroz com genes de vaca 4u5w5r

Cientistas sul-coreanos recentemente desenvolveram uma técnica para cultivar células bovinas em grãos de arroz, representando um avanço promissor na busca por uma fonte de proteína mais sustentável, ível e ecológica, com potencial para reduzir a dependência da pecuária na produção de carne. O estudo, conduzido pelo professor Jinkee Hong, da Universidade Yonsei, em Seul, foi publicado na revista Matter e introduziu o conceito do “arroz bovino”, o primeiro experimento a utilizar partículas de grãos como plataforma para o crescimento de músculos e células de gordura de origem animal.
O processo envolve o tratamento dos grãos de arroz com enzimas para criar um ambiente favorável à proliferação celular. Em seguida, eles são enriquecidos com células bovinas, permitindo a formação de um produto híbrido. O resultado mantém a estrutura original do arroz, mas apresenta uma coloração rosada, destacando-se como uma inovação na biotecnologia alimentar.
O arroz com genes de vaca é uma ideia experimental na biotecnologia que tem como objetivo principal a melhora do valor nutricional do arroz, especialmente aumentando o teor de proteínas, que é mais elevado nos genes bovinos. No entanto, é importante ressaltar que essa tecnologia ainda está em fase de pesquisa e suscita debates éticos, ambientais e de segurança alimentar. A aplicação prática dessa técnica ainda não é comum e está sujeita a regulamentações rigorosas.
Tijolo que imita os pulmões humanos 3p5q2

A bioengenharia possibilita a criação de metamateriais com propriedades programáveis que podem mudar suas características em resposta a estímulos externos, como luz ou calor. Os metamateriais são desenvolvidos com propriedades que não são encontradas na natureza e são criados através de um design microestrutural preciso. Amy Webb discutiu como esses materiais estão rompendo as regras normais da física, permitindo que eles dobrem a luz ou o som na direção oposta do que normalmente aconteceria.
Um exemplo impressionante apresentado por Webb foi o tijolo que imita os pulmões humanos. Esse tijolo tem propriedades de filtração semelhantes às dos pulmões, permitindo que ele filtre automaticamente os poluentes do ar. Outro exemplo é um tijolo que se comporta como o cós elástico de suas calças, tornando-se rígido ou flexível conforme necessário. Durante um terremoto, esses tijolos poderiam se tornar flexíveis, evitando desmoronamentos. Essas aplicações inovadoras de materiais metamateriais mostram como a engenharia pode criar estruturas adaptáveis e inteligentes.
IA encarnada 14a6t

A Inteligência Artificial encarnada é um conceito em que sistemas de IA interagem com o mundo físico através de um corpo ou forma física. A IA encarnada surgiu da necessidade de superar essa limitação, permitindo que máquinas aprendam com a experiência direta no ambiente real, em vez de depender apenas de grandes conjuntos de dados. Com sensores, robótica avançada e interação contínua com o mundo físico, esses sistemas podem desenvolver um entendimento mais profundo e dinâmico da realidade, aproximando-se da cognição humana.
Amy Webb explicou que, atualmente, os sistemas de IA não têm experiência no mundo físico, o que significa que eles não têm o mesmo senso comum ou intuição que os humanos desenvolvem ao longo dos anos.
Experimento da Meta e do ETH Zurich 2w75x
Para superar essa limitação, pesquisadores estão desenvolvendo técnicas e protocolos que permitem que a IA colete dados físicos detalhados. Webb citou um experimento em que pesquisadores da Meta e do ETH Zurich usaram reconstrução robusta de movimento humano para analisar movimentos corporais detalhados e, em seguida, limpar os dados para uso em IA.
No futuro, sensores especiais conectarão IA aos cérebros humanos, permitindo que a IA se torne verdadeiramente encarnada. Exemplos incluem dados de atividade cerebral capturados por fMRI e convertidos em imagens ou comunicação de uma pessoa paralisada com um avatar gerado por IA. Essas tecnologias transformarão a maneira como a IA interage com o mundo físico.
Computação neuromórfica 3i1o6s

A Computação Neuromórfica é uma abordagem que utiliza materiais biológicos, como células cerebrais, para criar computadores que combinam inteligência biológica e tecnologia de silício. Amy Webb destacou o trabalho da DeepMind e do AlphaFold, que agora pode prever estruturas e interações de todas as moléculas biológicas. Essa tecnologia permite avanços significativos em pesquisa e desenvolvimento, quebrando barreiras que antes eram impossíveis de superar.
Organoid Intelligence (OAI) 4b4e3z
A fusão da inteligência artificial com a biologia está permitindo a criação de materiais programáveis e vida reprogramável. Amy Webb explicou que as tecnologias como o Organoid Intelligence (OAI) usam materiais biológicos, geralmente células cerebrais, para processamento de informações, permitindo a criação de computadores mais potentes e eficientes em termos de energia do que os chips de silício.
Pesquisadores acreditam que o OAI pode oferecer avanços significativos em áreas como o entendimento do desenvolvimento cerebral, aprendizado e memória, além de possibilitar novas abordagens para o tratamento de distúrbios neurológicos, como demência e Alzheimer.

Empresas como a Cortical Labs e a Final Spark estão comercializando biocomputadores que combinam neurônios vivos com chips de silício. Esses biocomputadores podem realizar cálculos complexos de forma mais eficiente do que os computadores tradicionais. Webb destacou o lançamento do primeiro biocomputador comercializado, que é feito de neurônios humanos e executa o sistema operacional de inteligência biológica (BIOS). Essas inovações permitem a criação de redes neurais programáveis e oferecem novas possibilidades para computação avançada.
Tecnologia de interface neural 4u2k31

As tecnologias de interface neural estão permitindo uma conexão direta entre o cérebro humano e dispositivos externos, revolucionando a medicina e a interação com a tecnologia. Amy Webb discutiu experimentos em que sensores capturam dados de atividade cerebral e os transformam em ações. Por exemplo, um homem paralisado conseguiu pilotar um drone virtual apenas imaginando o movimento de seus dedos, graças a uma interface cérebro-máquina com 192 eletrodos implantados. Veja no vídeo abaixo:
Caso Ann Johnson 6w2c5
Além disso, Webb mencionou o caso de Ann Johnson, que sofreu um derrame catastrófico e ficou paralisada e incapaz de falar. Pesquisadores implantaram eletrodos e coletaram dados dos sinais cerebrais dela, que foram convertidos em linguagem escrita e vocalizada por um avatar gerado por IA.

Essa tecnologia permite que pessoas com deficiência recuperem a capacidade de se comunicar e interagir com o mundo de maneiras inovadoras. Esses avanços na tecnologia de interface neural estão abrindo novas oportunidades para o controle de dispositivos, oferecendo novas possibilidades de tratamento e melhorando a qualidade de vida das pessoas.
Micromáquinas e nanotecnologia 706q

Amy Webb discutiu como as micromáquinas e a nanotecnologia natural estão se tornando cada vez mais poderosas, operando no nível celular para realizar funções precisas dentro do corpo humano. Um exemplo fascinante é o motor flagelar, uma micromáquina que já está presente em nossos corpos e que impulsiona o movimento do organismo. Pesquisadores da Universidade de New South Wales estão trabalhando em motores microbianos quiméricos, combinando diferentes partes de motores bacterianos para criar novas máquinas com apenas seis nanômetros de diâmetro, capazes de gerar eletricidade e se mover autonomamente.
Sperm bots q3l6i
Webb mencionou também os “sperm bots“, introduzidos em 2016 por pesquisadores alemães. Esses dispositivos são pequenos coils que envolvem espermatozóides individuais e respondem a um magneto, direcionando-os para onde precisam ir.
A próxima geração desses sperm bots incluirá novas ferramentas para transportar cargas de medicamentos, representando uma nova classe de dispositivos que podem ser usados dentro do corpo para tratar doenças de maneira mais eficaz e precisa. Além disso, wearables para neurônios, desenvolvidos pelo MIT, são injetados no corpo e ativados por luz externa, permitindo o tratamento específico de condições neurológicas como a doença de Parkinson, sem danificar tecidos saudáveis.
Robôs biohíbridos 52555

Robôs biohíbridos combinam elementos biológicos e mecânicos, criando novas formas de interação entre a tecnologia e a biologia. Amy Webb destacou vários exemplos impressionantes de robôs biohíbridos, como o robô Ameca (foto acima), feito com pele humana, que pode cicatrizar, queimar e curar-se, além de imitar expressões humanas.
Desenvolvido pela Engineered Arts, a Ameca é considerada uma dos robôs humanoides mais avançadas do mundo, com um design focado em realismo e interação natural. Sua capacidade de exibir microexpressões sutis e responder em tempo real torna-o uma ferramenta promissora para pesquisas sobre a comunicação entre humanos e máquinas. Confira mais sobre a Ameca e outros robôs nessas duas matérias do Showmetech: Os 14 robôs mais incríveis do mundo.
Outra inovação mencionada foi o robô biohíbrido desenvolvido na Cornell, que tem um cérebro feito de micélio de cogumelo e responde a estímulos de luz, permitindo que ele se mova e reaja ao ambiente. Veja no vídeo abaixo:
Água-viva robótica biohíbrida 6c56v
Outro exemplo fascinante é a água-viva robótica biohíbrida desenvolvida pelo Caltech, que combina células de água-viva com sensores artificiais. Este robô pode ser usado para coletar dados em áreas de difícil o no oceano, ajudando a monitorar o impacto das mudanças climáticas. A importância desses robôs biohíbridos reside no fato de que eles podem ser projetados para interagir com ambientes complexos e dinâmicos, oferecendo novas soluções para problemas de saúde, monitoramento ambiental e outras aplicações.
Quem é Amy Webb? 442b1l

Amy Webb é uma futurista americana, autora e fundadora do Future Today Institute. Nascida em 18 de outubro de 1974, em East Chicago, Indiana, Webb começou sua carreira como jornalista, cobrindo temas de tecnologia e economia para o The Wall Street Journal e a Newsweek. Ela possui um bacharelado em ciências políticas, economia e teoria dos jogos pela Universidade de Indiana Bloomington e um mestrado pela Escola de Jornalismo da Universidade de Columbia.
Em 2006, Webb fundou o Future Today Institute, uma empresa de consultoria de gestão que se concentra em identificar sinais de mudança e padrões emergentes através de uma abordagem quantitativa única. Desde 2007, ela é autora do Relatório Anual de Tendências Tecnológicas do Future Today Institute, que aborda o futuro das tecnologias e seu impacto na sociedade. Além disso, Webb é professora adjunta na Stern School of Business da Universidade de Nova York, onde ensina previsão estratégica.
Webb é amplamente reconhecida por suas contribuições ao campo da previsão estratégica e foi nomeada uma das 100 Mulheres da BBC em 2019. Ela também é autora de vários livros, incluindo “The Big Nine” e “The Genesis Machine”, que foram traduzidos para 21 idiomas. Webb colabora com roteiristas e produtores de Hollywood em filmes, programas de TV e comerciais sobre ciência, tecnologia e o futuro, ajudando a criar mundos fictícios baseados em suas previsões.
O que achou das previsões e insights da Amy Webb? Conta pra gente nos comentários!
Veja também:
Fontes: Youtube SXSW, Future Today Institute e SXSW.
Uau. Mto esclarecedor. Mta coisa aí nem sabia q existia ainda. Ótimo conteúdo.
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